terça-feira, 22 de setembro de 2009

o sitio onde as pessoas não se tocam

Da minha estadia em Tokyo, algumas coisas ficarão na mente para sempre. A primeira é da perda total de referencias. Não sabemos exactamente se os sitios onde andamos são perigosos ou seguros, não percebemos se a porta que está à nossa frente vai dar a um restaurante na cave ou a um pronto a vestir, não percebemos se a loja que vemos á frente vende maquilhagem ou é um cabaré, não entendemos se o outdoor se refere a uma rede de telemoveis ou uma marca de lingerie. Parece caricaturado mas não é.
A outra coisa, e no seguimento da onda das lojas, é o consumo desenfreado. Nunca vi tanta gente a consumir tanto ao mesmo tempo. O desporto nacional são as compras. Não faço ideia de onde poem as coisas que compram. Estive em casa de um local e posso garantir que em casa não abunda o espaço! Compram tudo, desde electrónica a acessórios de beleza sem a minima funcionalidade. Fazem filas e passeiam-se horas entre expositores e montras. Por último e não menos marcante; a aversão ao toque. Os japoneses não se tocam! Não se vêem casais de namorados agarrados, nos cruzamentos com a maior confusão que se pode imaginar, passam N pessoas no mesmo sitio ao mesmo tempo e não se vê nem sente um único encontrão. Se estivermos a passear na rua e alguém à nossa frente olhar para trás por cima do ombro, devemos rapidamente fazer uma ultrapassagem porque a pessoa está a dizer que se sente incomodada pela proximidade em que estamos. Apenas no metro e à hora de ponta, todas estas "leis" deixam de ter importância e lá estão todos em cima uns dos outros em carruagens onde não cabe nem mais um pena.
Os japoneses preservam com a maior ferocidade o seu espaço vital. São atenciosos, simpáticos, cordiais (se foram nossos amigos ainda lhes conseguimos arrancar um abraço na hora da despedida), mas assumem uma individualidade sem limites. Isso vê-se na roupa que usam, nas coisas que compram, na forma como se comportam e nos termos em que falam de nós, os gaijin (estrangeiros). Para eles somos mal educados, não polidos, rudes e até um bocadinho parvos (porque somos todas as coisas anteriores mas sem termos noçao disso).
Resumindo, adorei o Japão, a cultura, as pessoas e os sitios. Não por me identificar, mas por ter descoberto um sitio em que não tive qualquer opinião relativamente à forma de vida: não é melhor nem pior, é apenas e orgulhosamente diferente!

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