quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sebastião e Sebastião ou Sebastião por Sebastião

Deixo aqui a minha saudação ao futuro governo. Estou quase certo que no domingo vão acontecer apenas duas coisas: 4 partidos vão ganhar e 1 vai perder. Começando pelo que perde: fez tudo o que era possível, tem tudo a agradecer ao partido e a assume todas as responsabilidades e demite-se. No campo dos que ganham, existem os que ganham sempre e o que realmente ganha. O que realmente ganha o prémio não vai ter um "estado de graça", visto que tem a agenda preenchida para os próximos 3 anos. No entanto, se ganhar um deles, vai-se respirar em Portugal um espirito único no mundo, um espirito do tipo Sebastiânico. Passo a explicar: aquele espirito de satisfação que se manifesta quando encontrámos um Sebastião que encarna todos os nossos males e em que entregamos toda a nossa confiança a um novo Sebastião. Vamos ser felizes, vai deixar de haver corrupção, vamos finalmente apoiar as empresas certas, vamos deixar de ser arrogantes, justiça para todos, etc. Sabem como é o Sebastião, come tudo tudo tudo. Se ganhar o outro, teremos um país completamente partido em dois. Os que gostam deste Sebastião e os que querem outro Sebastião. Vai continuar tudo mau e mesmo quem votou no actual Sebastião de certo apenas quer mais algum tempo com ele antes de arranjar outro.

Penso que, as palavras do que quer ser o novo Sebastião "ainda tenho credibilidade" demonstram de forma definitiva esta ideia: A democracia portuguesa é feita desta dicotomia em que entregamos tudo a um Sebastião e que depois lhe cobramos tudo, mas sempre numa perspectiva de espectador que se irrita quando um avançado falha um golo. Pior é que este espectador não vai ao estádio, fica em casa a ver na televisão. O pior é que o CR7 também falha. Ou seja, um candidato a Sebastião tem de ter o pragmatismo de compreender que apenas existe uma possibilidade: começar com o prato cheio e a escolher o ritmo a que dá cada colherada que esvazia o prato. Quando se vê o fundo ao prato, é tempo de ser novamente Sebastião. E não se esqueçam, o Sebastião come tudo, tudo, tudo.

PS: existe um cenário em que nem me quero imaginar, que seria um empate técnico em que um Sebastião ganha em votos mas perde em deputados. Nesse caso estaríamos na loucura completa, em que os 5 partidos vão de facto todos ganhar as eleições. Não sei se o País sobreviveria a tal facto.

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