segunda-feira, 22 de junho de 2009

sabonetes e cheiros ou a felicidade de viver fora da UE



Este ano vim passar os primeiro dias oficiais de verão na Dinamarca. Está um sol que nunca mais acaba e habilito-me mesmo a chegar a Portugal com uma cor bem mais simpática do que aquela com que saí! É sempre um prazer vir ao norte da Europa ainda para mais com bom tempo.
A viagem começou em Copenhaga. É a segunda vez que estou na cidade mas agora tive uma enorme vantagem chamada carro. Não deixei de andar que nem uma doida, nos meus saltinhos altos o que dá sempre jeito, mas o boguinhas foi essencial (excepto aquela parte em que paguei 10 euros por 3 horas de parque de estacionamento) para conseguir ir até Cristiania.
Cristiania é uma "cidade" dentro de Copenhaga, com regras próprias e um ambiente muito...chamemos-lhe cool! O lema do sitio é: faz o que te apetece desde que aquilo que estás a fazer nao impeça o outro de fazer o que lhe apetece! Lá entrei eu nos meus saltinhos, num sitio com chão de terra batida e muitos buracos, povoado por pessoas que já nao tomam banho há uns tempos. Até aqui tudo bem, porque com o calor que está nem eu garanto que o meu cheiro seja sempre agradável. Lá fui eu mais para a frente e começaram a ver-se avisos de "no photo"...achei estranho, é um lugar público, mais ou menos turistico...e eis senão quando tudo começou a fazer sentido!
Logo ali estava uma banquinha a vender todos os acessórios fundamentais para quem quer passar um bocado bem passado à base de produtos naturais, quimicos ou assim assim! A seguir estava um senhor, já entradote que esta coisa da vida alternativa nao tem idades, com uma banquinha daquelas que costumamos ver nas feiras de gastronomia e artesanato, sendo que o conteudo da banquinha dele era...vá...sabonetes! de cor castanha e que emanavam um cheiro de atordoar qualquer um...claro que o cheiro vai aumentando consoante vamos avançando no caminho até chegarmos a um largo, que eu ingenuamente pensava que era o food court lá do sitio! De facto era um sitio para courtir...mas nao comida! aí sim, tive esperança que o D. Sebastião aparecesse! mas como eu própria estava limpinha que nem um anjo, nao vi nada, nada me apareceu à frente a não ser um sumo de laranja natural com o qual me passeei entre as ervas e que me soube pela vida...sim porque o sintoma da sede pelos vistos também chega apenas pelo aroma da coisa!
Depois de mais uma volta pelo bairro, e depois de ver a representação das alucinações que por ali se têm (primeira foto), lá decidi ir embora porque ainda me esperavam 200km de condução.
Mesmo a acabar, fui brindada com mais um detalhe simpático e que me fez rir: a julgar pela foto, eles sabem que lá fora (in)felizmente as regras são outras!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Quem Me Ajuda?



Tenho um problema (entre muitos outros) que me preocupa! Várias dificuldades de relacionamento interpessoal já me foram apontadas nestes ultimos tempos...aceito-as e tento sempre perceber porque reajo de determinada forma. Compreendo que sou brusca e segundo as palavras de alguns, muito exigente. É verdade, sou exigente, é verdade, falta-me a paciência para a ignorância, incompetência e preguiça, é verdade, por vezes sou agressiva.
Se em relação a este terceiro ponto tenho feito muitos esforços (tenho inclusivamente um papel na parede do escritório em que trabalho com a frase: Tira as Pedras das Mãos, escrita com a minha letra depois da I. me apontar esse defeito) e tenho tido algum sucesso, já relativamente aos dois primeiros pontos, sinto-me muito perdida.
Como deixar de ser exigente (não estou a falar de exigir aos outros aquilo que eu dou/sei mas sim exigir-lhes aquilo que é seu dever dar/saber) e não passar a fazer parte do sistema e ser mais um promotor da mediocridade? Como deixar de ser exigente e compactuar com a promoçao da pequenez intelectual? Parece-me isto um pedido descabido, mas infelizmente recorrente!
O que sinto é que quem faz o que lhe compete entre dificuldades e tropeções é visto como esforçado, trabalhador, mesmo com limitações lá vai andando! É isto que se ouve, sempre reforços positivos. Quem tenta fazer as coisas sem erros, de forma ponderada, racional, exigente consigo e com os outros, é visto, não como esforçado, não como competente, não como profissional, mas como "demasiado exigente", "demasiado profissional", "demasiado rápido", demasiado, demasiado demasiado! É possível ser demasiado profissional? É possivel ser demasiado rápido? É possível ser demasiado perspicaz? Demasiado competente como já ouvi um dia? mas em que género de sociedade vivemos nós? Porque é que os outros levam reforços positivos e eu só levo paulada?
Compreendo que tenhamos que ajudar quem precisa, então mas e eu? Aparentemente também nao estou bem e ninguém me ajuda! Quem me ajuda a ter mais paciencia? Quem me ajuda a não esperar que os outros façam como eu e tentem fazer o melhor que conseguem? Quem me ajuda a compreender que ser exigente connosco próprios e com os outros é um defeito e não algo que me deva orgulhar? Quem me ajuda a mim? Quem me ajuda a esquecer que se deixar de agir assim vou passar a ser cúmplice deste portugal dos pequeninos, deste estado das coisas. Quem me ajuda a nao me sentir culpada por nao contribuir para evolução da sociedade?
Eu nao me estou a por num nível superior, eu sou apenas mediana. Não sou brilhante em nada do que faço, não sou especialmente inteligente e sou muito pouco esperta! Não é preciso sequer ser brilhante para ficar de lado, basta-nos ser exactamente aquilo que devemos ser e pronto...o caldo já está entornado!
Vou continuar a tentar ser mais calma, mais tolerante, menos agressiva, mais ponderada nas observações que faço e em todos os minutos em que seuqre pensar em abrir a boca. Mas não me peçam para desaprender tudo e me tornar em mais uma ovelha, no meio deste sistema que apenas priveligia os medíocres e põe de lado os apenas medianos! E depois ainda se admiram com a "fuga dos cérebros"...eu que sou uma parola já fico aterrada com isto, imagino se fosse de facto alguma coisa de jeito!