terça-feira, 28 de abril de 2009

Milao e o Tiramisu


Acabei de chegar de Milao, essa bela localidade! A cidade da magnifica Duomo Milano, dos gelados, pasta, pizza, tiramisu e tb, a cidade dos automobilistas doidos! Nao param nos stops, nao param nos semáforos vermelhos, nao param para deixar passar um peão. Por outro lado cheguei à conclusão que tb os peões são doidos porque se mandam para a estrada, sabendo à partida os hábitos que têm quando estão atrás de um volante. No entanto nunca vi nenhum acidente e parece que todos se entendem perfeitamente sem regras. Os italianos têm esta coisa de saber viver na confusão! Esta semana é uma das duas semanas mais movimentadas do ano. As ruas estao cheias, os carros estacionados são decorados com garrafas de cerveja vazias. As pessoas dormem no chão ou pelo menos, estendem-se pelo chão. Falam alto e gesticulam, mais do que no resto do ano! a sensação de euforia é generalizada às pessoas de mais idade que das varandas das suas casas antigas da via Tortona, vêem toda aquela amálgama de culturas a passear na rua cá em baixo. Tiram fotografias e sorriem. Noutra qq época do ano, chamavam a polícia ou conotavam os mesmos foliões de delinquentes. Mas nesta semana tudo é perdoado, tudo é permitido! A cidade dá aos visitantes e habitantes o que estes dão à cidade.
Sabemos que só temos aquilo que damos, só recebemos de algo ou de alguém aquilo que estamos dispostos a dar. As cidades são assim, como as pessoas. Só nos dão algo na mesma proporção com que nos entregamos a elas. Desta vez entreguei-me a Milão!
Entreguei o meu desespero de nao conseguir encontrar um taxi para voltar ao hotel. Ao fim de uma hora e um quarto a esticar o dedo e a telefonar para todas as empresas de taxi da cidade, eu e a A. encontrámos um jovem, assim a atirar para o deus grego, que do próprio telefone ligou ao taxista particular que nos veio buscar à porta da sua casa apalaçada, sem perguntas, sem precalços! Simplesmente porque foi boa pessoa, chamava-se Filipe.
Entreguei-me a Milao quando, no fim de fazer alguns km a correr atrás de um panda japonês tentando nao perder de vista nem o panda nem os 3 porta chaves que vinham atrás de mim (I. D. e RM.), no fim de atropelar 3 pessoas com o troley do meu computador e de uma dessas pessoas ter estado a um micro segundo de me bater, e com toda a razão, lá arranjámos um restaurante onde numa mesa de 4 coubemos 5 apertadinhos. Veio a comida e todos nos entregámos à degustação. No final de uma refeição maravilhosa veio o impensável: O tiramisu! foi o melhor tiramisu de sempre, sem qualquer comparação nem sombra de dúvidas! Era tao bom que só me deu para dizer: é tao bom que até tenho vontade de chorar!
Entreguei-me ao convívio e durante os jantares ri-me tanto que quase fazia algo pelas pernas abaixo! As mesas ao lado apenas nos fitavam com um ar entre a curiosidade e a vontade de se juntar à boa disposição. Entreguei-me às relações entre as pessoas, mesmo aquelas cujo contacto é tao pouco frequente, e tive agradáveis conversas com quase desconhecidos.
Desta vez curti Milao, curti a cidade, curti as pessoas, gozei e diverti-me! Encarei a coisa nao como um frete mas como um tempo que tinha que aproveitar! Correu bem, a cidade respondeu com a mesma emoção que lhe entreguei!
E isto deixou-me a pensar agora que voltei! Se uma cidade cinzenta, poluída, antipática, pode tornar-se uma fonte de energia, de inspiração, apenas por olhar para ela e interagir com ela de forma diferente, porque não as pessoas? Aquelas pessoas com as quais nao consigo relacionar-me, com quem tenho anti corpos, que acho que me tratam mal, nao estarão apenas a dar aquilo que eu lhes dou? Não me estão a tratar de forma antipática, poluída e cinzenta, porque eu olho para elas como um frete? e se olhar para essas pessoas como alguém com quem tenho que estar e apenas aproveitar esses momentos? Tornar-se-ão essas pessoas, uma espécie de fonte de energia e inspiração, tal como Milão?
Se assim for, que venha o tiramisu pois eu volto a chorar outra vez quando o comer!

domingo, 19 de abril de 2009

Am I a Freak?


Na sexta feira tivemos uma aula engraçada. O desafio era identificar a curva da nossa vida relativa aos momentos de maior e menos criatividade. 1º conclusão, os picos (altos e baixo) de criatividade estao directamente relacionados com os momentos de maior e menor felicidade na vida! Até aqui, toda a gente na turma estava em sintonia! Depois passámos à análise dos momentos identificados. começou a C. a falar, e os momentos de criatividade dela estavam directamente e apenas relacionados com o trabalho/projecto que tinha num dado momento. Segui-se o Z.P. e a mesma coisa aconteceu....estranho, disse eu ao professor, os meus momentos de criatividade estão relacionados com factos da minha vida pessoal e nao profissional, sou eu que sou estranha? a resposta do professor nao foi muito clara mas a situação deixou-me apreensiva. a questão é: serei boa profissional? estarei a subvalorizar o lado profissional da minha vida? não é uma questao de juizo de valor, porque tanto acho brilhante uma pessoa bem sucedida a nivel profissional, como uma pessoa que opta pela vida pessoal e familiar. a questao aqui residia no facto de eu nunca ter pensado no assunto e me ter assumido deste sempre uma pessoa "career oriented"...ppenso que descobri naquele momento algo muito importante acerca de mim...
No intervalo fiquei a conversar com o Z.P. e fomos mais dentro no assunto. os momentos de criatividade e felicidade dele estavam sempre relacionados com o inicio de um novo projecto. em geral é isto que acontece com toda a gente, daí se falar em "entusiasmo inicial" e o tédio da rotina quando já se tem controlo sobre a situação. Ao analisar os meus momentos e o meu comportamento, cheguei à conclusão que os meus momentos de criatividade mais baixos são exactamente no inicio de um novo projecto. depois, ao conversarmos mais um pouco, percebi o porquê: falta de controlo. no meu caso, só consigo ser criativa, estar entusiasmada com algo, arriscar, fazer loucuras, quando controlo a situação, quando domino o contexto. esta necessidade de controlo, inerente a qualquer ser humano, é para mim um requisito para ser feliz e consequentemente, criativa! sou criativa no trabalho quando a minha vida pessoal corre sobre rodas! sou criativa na minha vida pessoal quando a minha vida profissional corre sobre rodas também. portanto em cada inicio de novo projecto/trabalho, fico basicamente e portuguesmente falando, atrapalhada, pouco criativa, nao arrisco e sou uma pessoa de missões: faço o que me mandam e faço-o bem!
a conclusão a que cheguei foi:
1º - serei boa profissional enquanto for boa T. e serei boa T. enquanto a minha vida profissional correr bem! é um equilibrio, nem muito para um lado nem muito para o outro! as minhas duas vidas equilibram-se e isso é bom!
2º - todos os patrões que me contratarem terão que esperar 1 ano (pelo menos) para verdadeiramente saberem como eu sou a trabalhar
3º - quando finalmente estou a ser criativa e altamente produtiva em alguma função, tenho tendência a pegar na trouxa e ir embora...esta é a minha nova admiração, nao sei o porque é que quando estou no meu melhor a coisa começa a deixar de ter graça...
se alguém me conseguir explicar o que se passa na minha cabeça nestes momentos, eu agradeço!
4º - e última conclusão, a rotina para mim nao é um inimigo porque aparentemente a rotina nao existe...quando ela se começa a instalar é quando as minhas fases criativas começam a emergir!
tendo consciência deste processo mental, acho que vou aproveitar muito melhor a vida a partir de agora!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nem aqui Nem ali, é o título de um livro de um dos meus escritores preferidos no momento: Bill Bryson. O livro, bem como o seu título, juntamente com o bichinho e o empurrão das minhas amigas A. e A. fizeram com que este diário acontecesse. Como nao me quis apropriar completamente desta fonte de inspiração decidi alterar um pouco o nome e espero conseguir manter este espaço, nao apenas com as histórias das viagens que vou fazendo, como também com algumas reflexões, admirações e indignações (e outras coisas mais acabadas em ões como bicicleta e alcatruz...). Mãos à obra!
T.