quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Solte-se


Regressada de Colónia, onde faz um frio que nao tem explicação, cá estou eu nesta magnifica Lisboa, que, nao sendo a minha terra natal, é aquela que me dá o conforto da chegada!
Os dias na Alemanha passaram serenos, longe da angustia a que os ultimos 3 anos me habituaram. O ambiente frio de um país do centro da europa, associado a uma tarefa árdua e às vezes um pouco inglória contra o tempo, faziam prever uma temporada dificil e sem muitas gargalhadas. Mas, como as surpresas estão em cada esquina, o que aconteceu foi o oposto. As pessoas que pensamos nao terem nada para mostrar, serem ocas por dentro, vazias de humor e de espirito, acabam por nos dar bofetadas de luva branca quando nos brindam com a presença da sua alma. Quando, ao soar de um pedido, realmente se soltam e mostram que são mais do que soldadinhos de chumbo no quadro de guerra.
A verdade é que às vezes o preconceito mata uma relação que nem chega a nascer. Não damos aos outros o tempo que eles precisam para abrir a concha. E como nao lhes damos tempo, ou achamos que o tempo dos outros é igual ao nosso, rotulamos de imediato com algo que nao queremos para nós. Aceito que agi desta forma e que erradamente fiz julgamentos precipitados. Durante estes dias ouvi algo como: se calhar temos que ser nós a puxar por ele...ao que eu respondi interiormente: ao fim de um ano? puxar por ele? já é grandinho, deve fazer um esforço para se integrar, eu estou bem, ele é que não. Mas enfim, como ultimamente me tem dado para ser um pouco mais tolerante, mais paciente, e como diz a minha mãe, melhor pessoa (isto ouvido de uma mãe também tem que se lhe diga) lá dei a tal abébia e entrei numa de "puxar a personagem". E o que saiu da caixa de pandora foi literalmente de ir às lágrimas de tanto rir! O rapaz soltou-se mesmo! e não só se soltou com os colegas, como também saltou para cima das mesas, dançou como o M.J. fez rir, riu de si próprio e dos outros e foi em geral uma boa companhia, mesmo com os seus habitos de levantar às 5 e meia da manhã e adormecer em pleno jantar lá por volta das 10 e meia da noite! Não estou a eleger um novo maior amigo! Nada disso. Estou apenas a constatar que o preconceito é mau, só nos ajuda a ficar mais pobres de espirito e a recusar à partida uma ciencia que desconhecemos (como diria a taróloga Maya aqui há uns anos!).
Vivendo e aprendendo. Esta lição é bem antiga, mas, não sei porquê, é daquelas que de quando em vez, sai da nossa memória!